Segundo biólogos do Instituto Butantan, que estudam os animais da região desde 1911, a população estimada de cobras na Ilha da Queimada Grande é de pelo menos 15 mil indivíduos. O local abriga duas espécies de jararacas: a Ilhoa (Bothrops insularis) e a Dormideira (Dipsas mikanii). A primeira delas é endêmica da ilha, ou seja, não ocorre em nenhum outro lugar no mundo.
Em relação à concentração de serpentes, segundo o Butantan, o local só perde para a Ilha de Shedao, na China, que abriga por volta de 20 mil desses animais. Entretanto, a Ilha paulista tem o título de local com maior densidade populacional de uma única espécie de serpente no mundo pela quantidade de jararacas-ilhoa que vivem em seu território.
Ninguém mora na “Ilha das Cobras”
O primeiro registro histórico da Ilha da Queimada Grande data de 1532, resultado da expedição colonizadora enviada ao Brasil comandada pelo militar português Martim Afonso de Souza, informa o artigo “Instituto Butantan e a jararaca-ilhoa: 100 anos de história, mitos e ciência”, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Laboratório de Ecologia e Evolução do próprio Instituto.
Mas a ilha era inabitada até o final do século 19, quando a Marinha do Brasil implantou um farol de balizamento marítimo no local, cuja manutenção era realizada por faroleiros que residiam ali. O trabalho era difícil e perigoso por conta do risco de ataques das serpentes.
Ainda segundo o artigo, a própria Marinha do Brasil, por diversas vezes, ateou fogo na mata da ilha na tentativa de acabar com a população excessiva de cobras. O nome “Queimada Grande” é resultado desses recorrentes incêndios, tão fortes que podiam ser avistados do continente.
Desde que o farol foi automatizado na década de 1920, ninguém mais reside na Ilha das Cobras. Segundo a Prefeitura de Itanhaém, o desembarque de turistas é proibido e apenas profissionais da área ambiental estão autorizados a frequentar o local. Desde 1985, a área é tombada como uma Unidade de Conservação Federal.